domingo, janeiro 02, 2005

Birra

Buuuuááááá... Ele não gosta de mim!... Tem uma lista de linques chamada "Blogs de gente de que gosto" e eu não estou lá!... Buuuááá...

"Uns tsunamis e umas coisas"



As imagens de Banda Aceh e do Sri Lanka são arrepiantes. No Público de hoje, o Editorial revela a preocupação não só com esta castástrofe, mas com o que poderá ainda passar-se por outros lados, nomeadamente no Atlântico, e refere ainda as prometidas ajudas financeiras com algum cepticismo...
E entre outras notícias sobre o estado de devastação e de horror, traz isto:
Turistas estrangeiros estavam ontem de volta às praias da estância balnear tailandesa da ilha de Phuket, a dar mergulhos no mar calmo, em cima de motas de água ou a a fazerem "topless". Esta indiferença deixou alguns residentes da ilha indignados, mas sabem também que é importante as praias da ilha voltarem a encher para os negócios darem lucro. Os turistas são o ganha-pão dos habitantes de Phuket, no sul da Tailândia, e de outras ilhas "resort" como esta. Enquanto alguns hotéis foram "arrancados" pela força das ondas, outros sofreram estragos mínimos. "Muitas pessoas não deixaram a ilha, muitas continuaram as suas férias. Menos de dez por cento dos quartos de hotel estão fechados", calcula John Everingham, que publica a "Phuket Magazine", para turistas estrangeiros. A área mais atingida foi o norte da área continental de Phuket, onde mais de três mil corpos foram encontrados. Mas os medos de uma nova tragédia já se tinham desvanecido para muitos, na própria noite de Ano Novo. Enquanto centenas de pessoas se juntavam numa vigília, noutras áreas de Phuket turistas bebiam e festejavam ao som de música alta.
Apetecia-me desejar-lhes uns tsunamisinhos e umas coisitas assim, só para assustar. Que ficassem só com a roupinha da praia, sem mais nada, porque é nada o que merecem! O JAB é que tem razão.

Onésimo Silveira (Cabo Verde)


...........As águas


A chuva regressou pela boca da noite
Da sua grande caminhada
Qual virgem prostituída
Lançou-se desesperada
Nos braços famintos
Das árvores ressequidas!

(Nos braços famintos das árvores
Que eram os braços famintos dos homens...)

Derramou-se sobre as chagas da terra
E pingou das frestas
Do chapéu roto dos desalmados casebres das ilhas
E escorreu do dorso descarnado dos montes!

Desceu pela noite a serenar
A louca, a vagabunda, a pérfida estrela do céu
Até que ao olhar brando e calmo
da manhãNum aceno farto de promessas
Ressurgiu a terra sarada
Ressumando a fartura e a vida!
Nos braços das árvores...
Nos braços dos homens...




...........Quadro

Lá vem nho Cacai da ourela do mar
Acenando a sua desilusão
De todos os continentes!
Ele traz o peito afogado em maresias
E os olhos cansados da distancia das horas...

Lá vem nho Cacai
Com a boca amarga de sal
A boiar o seu corpo morto
Na calmaria da tarde!

Nho Cacai vem alimentar os seus filhos
Com histórias de sereias...
Com histórias das farturas das Américas...

Os seus filhos acreditam nas Américas
E sabem dormir com fome...

Ana Paula Ribeiro Tavares



O cercado

De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó
Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado
De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias
Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado