Já o pendurei aqui ao lado. Apesar de às vezes não ter grande pachorra para o ar
blasé, quase paternalista, a roçar um certo snobismo, a verdade é que não resisto a ouvi-lo sempre que posso ou o topo a meio de um
zapping, menos ainda a devorar-lhe a produção literária, as crónicas, as estórias, com um gozo descomunal. Talvez porque ainda hoje, em temas relacionados com a sexualidade, me deparo muitas vezes com um silêncio hipócrita, um desviar de olhos para outro lado, a conversa a mudar de rumo, como se eu pretendesse entrar pela vida íntima de cada um. Eu, que detesto confidências de carácter
tão pessoal!
A verdade é que ele não fala apenas de sexo puro e duro, mas de muitas outras outras coisas que até podem ter origem em frustações desse foro. Próprias ou herdadas. E que se projectam nos filhos, porque mais à mão, ou no vizinho, no colega, no ocasional parceiro de transportes. Mas sobre isso sabe e compete ao professor dar a explicaçãozinha. Mesmo com o tal ar paternalista e blasé...