segunda-feira, outubro 10, 2005

Torquato da Luz


Amanhã


Não me digam que espere, eu quero já.
Cedo era ontem, amanhã é tarde.
Capitão de navios que já não há,
não vou deixar que o tempo me deserde.
Portanto, agora!
Hoje é que eu sou no gume da navalha.
Todo o minuto de outra hora
é a margem-viagem que me falha.
Já é que eu sou – e não me peçam nada
para amanhã, que é tarde.
Larguei todo o meu pano à madrugada,
não vou deixar que o tempo me deserde.



(Foto Mário Sousa)