Da utilidade do voto ou de Sócrates a Platão
Ó Sôtor e Sôr Engenheiro, ambos estais cheínhos de razão! Os anos sessenta do passado século e os outros tantos que hoje nos pesam nos ombros (ou na barriga, ou no rabiosque...) vincaram-nos e vincularam-nos. Vincaram-nos nas certezas do que queremos ou não queremos, vincularam-nos a ideais de justiça social e de solidariedade. De uma ou de outra forma seguimos esses caminhos, convictos da justeza da nossa opção.
Mas a História não absolveu os nossos modelos. Nesses caminhos percorridos fomos deixando ao lado das pegadas, desilusões várias, ao mesmo tempo que adquirimos outras experiências e alargámos horizontes. Perdemos a rigidez do olhar, a formatação das cores, a rotulagem própria e alheia. Ganhámos em troca a mobilidade da cervical, sem condescender à flacidez da dorsal.
Desviar uns graus a sotavento a rota da votação é, nos tempos que correm, uma escolha consequente, porque útil contra ventos e marés ameaçadores da já tão precária estabilidade da barca em que todos navegamos.
No entanto, pela minha parte e apesar de estar consciente do risco de um naufrágio irremediável, a bússola ainda continua a indicar-me o barlavento como enseada amena.
A Sócrates ainda anteponho Platão...