VEMOS, OUVIMOS E LEMOS
"cumpridos os deveres compridos deixaram
de assediar minhas horas
doce a liberdade retoma em si minha leveza antiga"
Sophia de Mello Breyner
quinta-feira, maio 11, 2006
Da água e das águas
E surgem-nos, ancestrais, plenas de história e de histórias que só não contam, apenas deixam adivinhar.
Monte Redondo, Torres Vedras
Romana a dizem, romana terá sido. Assim o atesta a pedra que a protege, disseram os entendidos, mais os arcos que consentiam o acesso ao manancial, agora tapados, apenas uma moderna portinhola de ferro bem aferrolhada, negando agora a muitos o que dantes seria para todos. E ali escondida num canto, como que envergonhada das muitas camadas de cimento com que a mascararam, ostenta apesar disso um singular coruchéu a revelar mais mão de artista moçárabe do que prática de artesão romanizado. (Em todo o caso, é notável a semelhança com as chaminés do Palácio da Vila, em Sintra, e a outra, mais modesta, de Alcolombal.)
Almoçageme, Sintra
Pontes de Monfalim, Arruda dos Vinhos
Integrado numa exploração agrícola, exibe para os passantes um ar de morábito, que espicaça a bisbilhotice. Se de morábito se tratasse, sê-lo-ia de algum duende aquático, pois que, contornada e revistada, nos apresenta uma abertura de poço, a que não faltam a corda e o balde. A que remotas lendas, a que exóticas arquitecturas terá recorrido o obreiro de tal pequena maravilha, ali rodeada das cepas que dão o nome ao concelho?