Missiva
"Senhor Mário:
Peço-lhe desculpa pela maneira informal como lhe dirijo a palavra, para mais num espaço que certamente o senhor não vai ler, mas ficaria mal comigo própria se nesta altura solene me calasse. É que esta sua candidatura ao mais alto cargo da nação, finalmente tirada da gaveta onde se conservou durante dez anos, por força das legais circunstâncias, bem embrulhada em papel de seda e com bolinhas de naftalina, me parece fruto de decisão pouco assisada.
Porque, senhor Alberto, depois de tanto afirmar que “BASTA” de política na sua vida de homem público, dá o dito por não dito, e me vem colocar na embaraçosa situação de me recusar a votar em si pela terceira vez? É que, se por duas vezes o fiz, o senhor era uma alternativa credível. Mas desta vez não me levará consigo!
E, senhor Nobre, as referências pessoais feitas no seu discurso – que a dada altura o senhor mesmo considerou “fastidiosas” – são do conhecimento geral. Faltaram-lhe argumentos para começar a sua pré-campanha? Afirma ainda que “não é a ambição que o move” neste tortuoso caminho de regresso a Belém mas que só o faz como uma espécie de salvador da pátria (palavras minhas). Na sua provecta idade há que medir as palavras e as intenções, que cinco anos é pouco tempo para resolver tantos problemas acumulados ao longo de décadas…
Para terminar, senhor Soares, permita-me um conselho: vá ficando por casa, descanse bastante e ao serão aproveite para contar aos netos a história da sua vida. Sem batota, sem omitir os detalhes de que não gosta de se lembrar.
Seja feliz."
Porque, senhor Alberto, depois de tanto afirmar que “BASTA” de política na sua vida de homem público, dá o dito por não dito, e me vem colocar na embaraçosa situação de me recusar a votar em si pela terceira vez? É que, se por duas vezes o fiz, o senhor era uma alternativa credível. Mas desta vez não me levará consigo!
E, senhor Nobre, as referências pessoais feitas no seu discurso – que a dada altura o senhor mesmo considerou “fastidiosas” – são do conhecimento geral. Faltaram-lhe argumentos para começar a sua pré-campanha? Afirma ainda que “não é a ambição que o move” neste tortuoso caminho de regresso a Belém mas que só o faz como uma espécie de salvador da pátria (palavras minhas). Na sua provecta idade há que medir as palavras e as intenções, que cinco anos é pouco tempo para resolver tantos problemas acumulados ao longo de décadas…
Para terminar, senhor Soares, permita-me um conselho: vá ficando por casa, descanse bastante e ao serão aproveite para contar aos netos a história da sua vida. Sem batota, sem omitir os detalhes de que não gosta de se lembrar.
Seja feliz."