Quando se é jovem e idealista, se tem sangue na guelra e pelo na venta, miolos na cabeça em vez de caca de passarinho, a gente faz o que pode para mudar o que está mal. Em lugar de nos acomodarmos, incomodamo- nos. E incomodamos. Porque somos sempre a ovelha ronhosa, a tal que destoa do rebanho certinho, que não embandeira em arco de cada vez que o director se ri. E crescemos assim.
Temos mau feitio, criamos mau ambiente, porque desassossegamos a paz de cemitério, porque temos a coragem de atirar a pedrada ao charco. E isto espontaneamente, porque pensar, usar os neurónios, faz parte de uma natureza congénita e afeiçoada com tempo e vivências. Ousamos afrontar quem nos desrespeita nos nossos direitos mais elementares, tiramos satisfação. Contestamos, discutimos ordens absurdas que a nada conduzem a não ser ao nosso desgaste pessoal. Apenas em nome da justiça.
Não alinhamos ao lado do doutor-vestido-de-armani nem sequer do senhor-do- -polo-lacoste. Porque não passam de vencidos disfarçados de vencedores. Porque as suas metas nas vidinhas pequenas, apertadas no T2 de Telheiras, se resumem ao telemóvel-topo-de-gama ou ao Audi pago nalguns casos pela empresa, noites de sexta nas docas e fins-de-semana em Vilamoura. São os capachos dos patrões, que se deitam fora quando eles próprios se tornam na lama que deveriam limpar…
Contra as suas armas a luta é desigual, eles são os senhores do universo todo, do pequeno universo de uma pequena empresa, da qual são apenas transitórios mandatários e nunca os absolutos mandantes. São ignorantes por vocação, malfazejos por conveniência. A incompetência mal disfarçada.
E repito que contra as suas armas a luta é desigual, pois ao primeiro lampejo do meio neurónio dessa gentinha, esses jovens que apenas usam a frontalidade e a coragem de ser pessoas, levam com a concretização da ameaça
"ou vai ou racha".
(a continuar ao sabor dos novos acontecimentos)