domingo, junho 04, 2006

Mesmo a propósito (do post anterior)

Recebi daqui esta menssagem, que passo adiante:

No próximo dia 9 de Junho, pelas 18 horas, realizar-se-á na Galeria Fernando Pessoa do CENTRO NACIONAL de CULTURA, na Rua António Maria Cardoso, 68 (ao Chiado), em Lisboa, uma Conferência sob o título

«Perspectivas para uma Nova Escola - os desafios da sociedade digital global» por Carlos Araújo Alves,

autor do blogue Ideias Soltas, cujos textos incidem, particularmente, na análise e reflexão sobre temas como Gestão Cultural, Educação, Cultura, Ensino Artístico e a sua integração no ensino regular, integrada no lançamento do livro de Vitor Oliveira Jorge, «CULTURA LIGHT», produto das diversas comunicações proferidas no âmbito da última Mesa-redonda com o mesmo título, realizada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto nos dias 22 e 23 de Abril de 2005.

Muito gostaríamos de contar com a sua presença.

Cordialmente

ps: clique na imagem para aceder directamente à página de divulgação inserida no site do e-cultura do Centro Nacional de Cultura.



Obrigada, Carlos Alves. Tentarei estar presente.

Sim, senhor encarregado-de-educação

(Para a MAM , que por aqui tem deixado a luz da sua presença)

Suponhamos que eu ainda não teria visto, ouvido ou lido a mais pequena notícia sobre a proposta “luminosa” da Ministra da Educação. Suponhamos que nunca teria sido encarregada de educação e, como tal, nunca conheci professores dentro da escola, nunca participei em reuniões de turma, nunca soube o que era ser aluno hoje. Enfim, suponhamos que, mesmo que a premissas anteriores fossem falsas, achava que pai/mãe ou filho-aluno estão plenamente conscientes dos seus respectivos papéis na comunidade escolar, perfeitamente integrados na mesma, em completa comunhão de conceitos de ensino e educação com os docentes. Assim mesmo, ou por isso mesmo, não posso evitar que a pele se me arrepanhe ao saber da insistência da dita ministra.
Ora bem, na realidade tive contactos diversos e ao longo de anos com esse pequeno grande mundo em que decorre o crescimento de uma criança ou adolescente. Durante quase duas décadas vi o que (alguns) pais exigiam da escola e dos professores e até que ponto eram permissivos com os próprios filhos. A criança é turbulenta e desacata toda a aula? Coitadinho, ele tem muita energia, sabe... O adolescente agride verbal ou fisicamente o professor? São as companhias, a gente está em casa [ou no trabalho] e não sabe o que eles fazem cá fora... O rendimento escolar é baixo? Pois, os professores hoje já não ensinam como antigamente...
Vai daí, a criança, o adolescente ou o jovem, eram/são desresponsabilizados dos seus maus comportamentos, fraco aproveitamento, absentismo, etc., porque há sempre uma desculpa a favor deles.
Não quero sequer referir a adequação, ou a sua falta, dos programas escolares às necessidades reais deste país. Tão pouco me passa pela cabeça abordar as sucessivas e discutíveis reformas educativas. Para tal me falta o necessário saber e remeto-me à minha modesta posição [mas posição de cidadã atenta e interveniente de que não faço tenção de me desviar]. No entanto, é sabido que pais e mães, por motivos frequentemente alheios á sua vontade, cada vez mais afastam dos filhos a atenção que lhes é devida [pano para outras mangas...].
Coloca-se na “escola” (tal e qual, no abstracto) a responsabilidade da orientação total de um filho. Muitos vão à reunião de pais com a directora de turma apenas para saber como irão ser as notas do fim do período, sem tentar sequer aprofundar um debate em parâmetros mais alargados [assisti a este tipo de atitude vezes sem conta]. Ao fim de um par de horas nestes entremezes, o/a professor/a, cansado, dá por terminado o encontro, quantas vezes com a sensação de frustração e tempo perdido! E pronto. Daí a uns tempos, sem virar o disco toca-se o mesmo.

Em traços largos, toscos, inevitavelmente pessoais e, como tal, limitados, foi esta a visão que me ficou da intervenção dos pais na escola. Dos pais, não. De uma boa parte dos pais. E é (também) desses que a senhora ministra espera a suma profundidade de discernimento para dela fazer depender a carreira profissional dos professores. Estará ela à espera que estes se tornem máquinas comandadas à distância, respondendo a tudo e a nada “sim, senhor-encarregado-de-educação”?