Dia 8 de Março
(Por mais que eu queira passar ao lado destes Dias especiais, não sou capaz...)
Três poemas da Maria Belmira Besuga, alentejana do Lavre:
MULHERES
Ao ritmo do respirar
semeiam a vida que são
na vida que dão
Mulheres
Mães
dão, na vida
a esperança
e a força com que amassam os dias
ao ritmo do próprio movimento...
só, ao ritmo do coração.
RESISTENTES
Teríamos morrido aqui estupidamente acomodadas se não nos tivéssemos dado ao
trabalho de lutar por básicos direitos, tão elementares como o direito de
respirar, de viver... o direito de trabalhar, de participar activamente na vida
de que fazemos parte, a vida com que damos vida aos homens que no-la querem, a
todo o custo, negar.
Mas nós somos fortes!
Somos mães, e às vezes pais mesmo com pais fisicamente presentes (ou
existentes), somos esposas, empregadas, amigas, somos domésticas e, à força,
domesticadas para obedecer.
Mas nós somos fortes!
Nós não desistimos!
Somos o suor do corpo, o sal das lágrimas e o sorriso de aconchego, somos a
sorte de ser o que querem que sejamos (para quem quer que assim sejamos), e o
azar de não ter sido aquilo que sonhámos (para nós que ainda sonhamos).
E sonhamos, sonhamos a vida do jeito que a queremos, lutamos por ideais não
acabados e nunca concretizados, por mais que nos esforcemos.
Mas nós somos fortes!
Nós não desistimos!
Nós somos resistentes!
E, ainda, acreditamos...
MULHER
Desdobras-te dia a dia
Lutando
Por todos
Mais que por ti
È tempo
De te veres ao espelho
Sentires que existes
O Sol de hoje
Nasceu para ti