VEMOS, OUVIMOS E LEMOS
"cumpridos os deveres compridos deixaram
de assediar minhas horas
doce a liberdade retoma em si minha leveza antiga"
Sophia de Mello Breyner
terça-feira, maio 10, 2005
Evocação
Em 1966, em pleno regime salazarista, Bernardo Santareno, médico e dramaturgo, escreve a peça biográfica intitulada “O Judeu”, julgando que nunca poderia vir a ser representada. Mas em 1981 é levada ao palco do Teatro Nacional D. Maria II, por singular ironia, erguido sobre as ruínas do Palácio dos Estaus…
António Teixeira (1707-1759) é […] dos compositores de maior importância da primeira metade do séc. XVIII, e um dos vários bolseiros em Roma de D.João V.
Teixeira destacou-se não só por ser bolseiro por D.João V, mas ainda pelo cargo ocupado de mestre de capela da Patriarcal, para a qual escreveu belíssimos motetes e outros serviços religiosos, como um "Te Deum" para 5 coros e orquestra. No entanto, Teixeira ainda compunha música profana, sendo o autor de cerca de oito óperas e diversas cantatas, entre as quais a belíssima "Gaudete, astra gaudete!".
Na sua música, nota-se uma perfeita assimilação dos modelos com os quais contactou em Roma, onde se aperfeiçoou em contraponto, cravo e composição, e a sua música é uma das grandes glórias da corte de D. João V: o seu Te Deum é de uma dimensão e magnanimidade que está a par de obras de Vivaldi, Telemann ou Haendel, e as suas produções operáticas são de uma graça e expressividade inigualáveis, como a ópera feita em conjunto com António Silva (o Judeu), as Guerras do Alecrim e Manjerona, uma das suas poucas partituras que tem, desde o séc. XVIII, sido interpretadas com alguma regularidade até aos dias de hoje, devido principalmente à popularidade do texto de António Silva.