terça-feira, maio 10, 2005


O Ivo Ferreira foi libertado! Não era sem tempo. Um abraço solidário para ele e para o papá Cândido.

Evocação

António José da Silva, o Judeu, comediógrafo nascido em 8 de Maio de 1705 no Rio de Janeiro e executado em auto-de-fé em Lisboa, perante D. João V, no ano de 1739. A sua origem judaica está na origem da sua vida agitada. Quando tinha oito anos, chegou a Lisboa com o pai, advogado e poeta, seguindo a mãe que havia sido presa como judaizante. Frequentou o curso de Direito, na Universidade de Coimbra, que concluiu 1728, logo se fixando se em Lisboa, onde exerceu o ofício de advogado.
Em entre Agosto e Outubro de 1926, esteve preso nos cárceres do Santo Ofício, regressando à liberdade após ter assinado um protesto de reconciliação com a fé católica. Em 1737 foi preso como relapso, acusado de ser membro corrupto do corpo católico, sendo garrotado e queimado em Outubro de 1739.
Poeta e dramaturgo original, dotado de um imenso humor cáustico, é reconhecido como renovador do teatro português.
É autor de comédias com acompanhamento musical, a que chamou de óperas, destinadas a serem representadas por bonecos articulados, os bonifrates. As suas principais fontes de inspiração foram a mitologia e a tradição clássica.

“Guerras do Alecrim e Manjerona”, “Vida do Grande D. Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança”, "Os Encantos de Medeia”, "Anfitrião ou Júpiter e Alcmena”, “Vida de Esopo”, são algumas das sua obras mais conhecidas.

Em 1966, em pleno regime salazarista, Bernardo Santareno, médico e dramaturgo, escreve a peça biográfica intitulada “O Judeu”, julgando que nunca poderia vir a ser representada. Mas em 1981 é levada ao palco do Teatro Nacional D. Maria II, por singular ironia, erguido sobre as ruínas do Palácio dos Estaus…


António Teixeira (1707-1759) é […] dos compositores de maior importância da primeira metade do séc. XVIII, e um dos vários bolseiros em Roma de D.João V.

Teixeira destacou-se não só por ser bolseiro por D.João V, mas ainda pelo cargo ocupado de mestre de capela da Patriarcal, para a qual escreveu belíssimos motetes e outros serviços religiosos, como um "Te Deum" para 5 coros e orquestra. No entanto, Teixeira ainda compunha música profana, sendo o autor de cerca de oito óperas e diversas cantatas, entre as quais a belíssima "Gaudete, astra gaudete!".

Na sua música, nota-se uma perfeita assimilação dos modelos com os quais contactou em Roma, onde se aperfeiçoou em contraponto, cravo e composição, e a sua música é uma das grandes glórias da corte de D. João V: o seu Te Deum é de uma dimensão e magnanimidade que está a par de obras de Vivaldi, Telemann ou Haendel, e as suas produções operáticas são de uma graça e expressividade inigualáveis, como a ópera feita em conjunto com António Silva (o Judeu), as Guerras do Alecrim e Manjerona, uma das suas poucas partituras que tem, desde o séc. XVIII, sido interpretadas com alguma regularidade até aos dias de hoje, devido principalmente à popularidade do texto de António Silva.