sábado, outubro 09, 2004

Mértola

As palavras não chegam para a descrever. Fora dos meus percursos habituais, não é todos os dias que lá vou, mas não se me dava estar lá mais vezes. O encantamento é por demais intenso para que se passe de largo ou não se pense em voltar uma e outra e outra vez... Muitas vezes. Mas se não me cair em cima a ira dos deuses, estarei lá em Maio do próximo ano. No 3º. Festival Islâmico. Perder-me-ei nas ruelas do suk, beberei chá de menta e escutarei o alaúde do Eduardo Ramos. Deixar-me-ei arrebatar por toda a exuberância de cores, aromas, vestimentas e tendas. Enlevar-me-ei com as danças e cantares, de cá e de lá. Verei os amigos de sempre. Alguém pela vez primeira estará lá comigo, para vivenciarmos a dois a mágica sensação do retorno às origens. Inch Allah!
Entretanto, evoco o branco e azul de que se reveste a taipa. Em Mértola, em Chefchaouen.



Só umas dicas

Carlos Drummond de Andrade



As Sem-Razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamento vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.