António Lobo Antunes
Ao ler esta entrevista e as “Escritas Livres” da lolita, reflecti sobre a forma contraditória como penso no Lobo Antunes e na sua escrita.
Da sua obra conheço mais títulos que conteúdos. Desagrada-me, indispõe-me, a sua temática e a forma como a enuncia. Apenas li com verdadeiro prazer “Os cus de Judas” e “As Naus”. E as crónicas. Por motivos muito simples e muito pessoais.
Por coincidências das tais que vá-se lá saber porque acontecem nas vidas das pessoas, percorremos alguns caminhos comuns. Melhor dizendo, as mesmas ruas, as mesmas portas, os mesmos degraus. E algumas das suas crónicas lembram-me isso a cada palavra.
Desse bairro de Benfica, onde ambos morámos, apesar de em épocas diferentes, ainda vi e senti algumas coisas das que ele conheceu, recorda e dá testemunho. As ruas, as casas, o mercado a céu aberto na Grão Vasco, o velho “Paraíso” das tertúlias e do bilhar, ao lado da padaria que ainda hoje utiliza o forno de lenha.
E na casa cor-de-rosa da Travessa dos Arneiros, no meio do quintal protegido de olhares indiscretos por um muro alto, a mesma onde ele viveu a sua infância e juventude, foi onde, décadas mais tarde os meus filhos também se deliciaram a trepar ás árvores ou a brincar no sótão, com a Zézinha e a Joana, amigas e colegas no externato da R. Emília das Neves. Também elas são presença nas suas crónicas, trazendo-me de volta a imagem de quatro crianças felizes que, nos idos de 80, partilhavam confidências, amizades e cumplicidades.
Nem sempre é tão remota a relação entre duas pessoas que não se conhecem directamente. Melhor dizendo, dele conheço o que é do domínio público, mais um ou outro pequeno detalhe. De mim, nada ele deve saber, anónima que sou entre os anónimos desta terra.
No entanto, temos em comum alguns percursos que ele nem deve imaginar. E é desses percursos tão sobrepostos que me fica uma certa simpatia pelo escritor e a curiosidade de folhear, mesmo que não tencione ler, cada um dos livros que dá à estampa.
Da sua obra conheço mais títulos que conteúdos. Desagrada-me, indispõe-me, a sua temática e a forma como a enuncia. Apenas li com verdadeiro prazer “Os cus de Judas” e “As Naus”. E as crónicas. Por motivos muito simples e muito pessoais.
Por coincidências das tais que vá-se lá saber porque acontecem nas vidas das pessoas, percorremos alguns caminhos comuns. Melhor dizendo, as mesmas ruas, as mesmas portas, os mesmos degraus. E algumas das suas crónicas lembram-me isso a cada palavra.
Desse bairro de Benfica, onde ambos morámos, apesar de em épocas diferentes, ainda vi e senti algumas coisas das que ele conheceu, recorda e dá testemunho. As ruas, as casas, o mercado a céu aberto na Grão Vasco, o velho “Paraíso” das tertúlias e do bilhar, ao lado da padaria que ainda hoje utiliza o forno de lenha.
E na casa cor-de-rosa da Travessa dos Arneiros, no meio do quintal protegido de olhares indiscretos por um muro alto, a mesma onde ele viveu a sua infância e juventude, foi onde, décadas mais tarde os meus filhos também se deliciaram a trepar ás árvores ou a brincar no sótão, com a Zézinha e a Joana, amigas e colegas no externato da R. Emília das Neves. Também elas são presença nas suas crónicas, trazendo-me de volta a imagem de quatro crianças felizes que, nos idos de 80, partilhavam confidências, amizades e cumplicidades.
Nem sempre é tão remota a relação entre duas pessoas que não se conhecem directamente. Melhor dizendo, dele conheço o que é do domínio público, mais um ou outro pequeno detalhe. De mim, nada ele deve saber, anónima que sou entre os anónimos desta terra.
No entanto, temos em comum alguns percursos que ele nem deve imaginar. E é desses percursos tão sobrepostos que me fica uma certa simpatia pelo escritor e a curiosidade de folhear, mesmo que não tencione ler, cada um dos livros que dá à estampa.