sexta-feira, julho 15, 2005

Acabada de chegar


Ainda não lhe devassei o blogue todo. Aproveitarei o tempo das suas férias para o fazer. Mas quanto mais não seja, só por isto, apanhado aqui, bem valerá a pena ajeitá-la ali, na aba do lado esquerdo. Bem vinda sejas, Helena!

Por acaso e ao acaso em Campo de Ourique

Nos velhos(íssimos!) tempos do IIL era frequente passar por lá, mais que não fosse para estudar em grupo no Canas, no Gigante ou na Tentadora. Outras incursões não eram necessárias nem havia muito tempo para elas.
Bastante mais tarde, e mais pelo prazer da descoberta que por dever de ofício, encontrei-me de novo com o bairro. Muito certinho, muito ortogonal, dir-se-ia pombalino, não fosse saber-se que em tempos do Marquês a cidade acabava muito aquém e que por lá se pastoreava gado entre bucólicos olivais.
A sua urbanização, como prolongamento da cidade que começava a transbordar, inicia-se no último quartel do séc. IXX, por iniciativa de Ressano Garcia, jovem engenheiro-chefe da Repartição Técnica da CML. Assim, o bairro apresenta ruas largas para a época, perspectivando logo a existência de canalizações, e permitindo igualmente, anos mais tarde, a circulação de carros eléctricos, a colocação de postes de electricidade e do telefone. O seu crescimento já no dealbar do séc. XX, trouxe-lhe a mais-valia de alguns edifícos "arte-nova" e "art-deco".
Veio a ser maioritariamente habitado por famílias oriundas da média burguesia, não enjeitando os anteriores habitantes das casinhas velhas e modestas, com os seus quitalinhos de mangericos e limoeiros. Tudo coube e soube conviver no novo subúrbio, criando hábitos, tradições, raizes, identidade.
Que hoje se mantém, quando alguém oriundo do sítio, diz com orgulho: "Sou de Campo d'Órique!"





"Um Fascista Grotesco"


Texto de Baptista Bastos no «Jornal de Negócios»:
«Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza. Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo.
Em tempos, já assim alguém o fez. Recordemos. Nos finais da década de 70, invectivando contra o Conselho da Revolução, Jardim proclamou: «Os militares já não são o que eram. Os militares efeminaram-se».
O comandante do Regimento de Infantaria da Madeira, coronel Lacerda, envergou a farda número um, e pediu audiência ao presidente da Região Autónoma da Madeira. Logo-assim, Lacerda aproximou-se dele e pespegou-lhe um par de estalos na cara.
Lamuriou-se, o homenzinho, ao Conselho da Revolução. Vasco Lourenço mandou arrecadar a queixa com um seco: «Arquive-se na casa de banho».
A objurgatória contra chineses e indianos corresponde aos parâmetros ideológicos dos fascistas. E um fascista acondiciona o estofo de um canalha.
Não há que sair das definições. Perante os factos, as tímidas rebatidas ao que ele disse pertencem aos domínios das amenidades. Jardim tem insultado Presidentes da República, primeiros-ministros, representantes da República na ilha, ministros e outros altos dignitários da nação. Ninguém lhe aplica o Código Penal e os processos decorrentes de, amiúde, ele tripudiar sobre a Constituição. Os barões do PSD babam-se, os do PS balbuciam frivolidades, os do CDS estremecem, o PCP não utiliza os meios legais, disponentes em assuntos deste jaez e estilo. Desculpam-no com a frioleira de que não está sóbrio. Nunca está sóbrio?
O espantoso de isto tudo é que muitos daqueles pelo Jardim periodicamente insultados, injuriados e caluniados apertam-lhe a mão, por exemplo, nas reuniões do Conselho de Estado. Temem-no, esta é a verdade. De contrário, o que ele tem dito, feito e cometido não ficaria sem a punição que a natureza sórdida dos factos exige. Velada ou declaradamente, costuma ameaçar com a secessão da ilha. Vicente Jorge Silva já o escreveu: que se faça um referendo, ver-se-á quem perde.
A vergonha que nos atinge não o envolve porque o homenzinho é o que é: um despudorado, um sem-vergonha da pior espécie. A cobardia do silêncio cúmplice atingiu níveis inimagináveis. Não pertenço a esse grupo».