domingo, fevereiro 06, 2005

Paz à sua alma



Uma pessoa ausenta-se temporariamente, por imposição de um computador casmurro, e quando regressa às habituais visitas bloguísticas, apanha com baldes de água fria como este. Isto não se faz, para mais com o friozinho que vai por aí... E se eu apanho uma gripe? Agora que ele se finou nem lhe posso pedir que pague a conta do médico mais a da farmácia. Ora esta!

Campanha - notas à margem



O charlatão

Letra de Sérgio Godinho
Música de José Mário Branco


Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis d'ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f'rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

(É entrar,...)

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-s'em quatro zonas
instalados em poltronas

Pr'á rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca d'alguns patacos

(É entrar,...)

Entre a rua e o país
vai o passo dum anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

(É entrar,...)

É entrar, senhorias
É entrar, senhorias
É entrar, senho...
  • Esclareço que não meço todos pela mesma medida, mas ouvindo os que mais andam em todas as ribaltas, só me ocorre mesmo isto...