VEMOS, OUVIMOS E LEMOS
"cumpridos os deveres compridos deixaram
de assediar minhas horas
doce a liberdade retoma em si minha leveza antiga"
Sophia de Mello Breyner
sexta-feira, maio 06, 2005
Os avatares
Eu bem tento acreditar que um dia, qualquer dia, viveremos num país normal, dirigido por pessoas normais. E quando digo “normal”, não pretendo “normalizar” absolutamente nada! Faço essa aferição por padrões bem latos, os vigentes no resto desta Europa que nos absorve, por bem e por mal.
Todos os tipos de criminalidade, conhecidos ou inimagináveis, andam por aí à espreita da oportunidade de sair para a rua e tomar de assalto consciências, mentalidades, modos de vida, o próprio poder. Ervas daninhas que se vão instalando um pouco por toda a parte mas que, de alguma forma, são mais ou menos dizimadas onde há meios e vontade de o fazer.
Mas parece que Portugal é o país, por natureza, onde todos esses estropícios andam à solta impunemente, aproveitando-se da babel institucional. Por cada ponta de icebergue que esconde no fundo sabe-se lá o que mais, a comunicação social empanturra-se. As lágrimas de crocodilo das entidades responsáveis são, por vezes, a única resposta conseguida. E a indignação vampírica da gentalha é o manto diáfano que cobre a ineficácia dos mandantes.
E depois, somam-se as Joanas, as Vanessas, vítimas da incúria de entidades supostamente responsáveis pela profilaxia de crimes sociais desta ordem. Enquanto os Isaltinos e os Valentins, incensados por mentecaptos, abrem asas a voos de mais e mais poder. Num ainda não arrumado nem esquecido “lá vamos cantando e rindo”.
Entretanto, por outro lado e felizmente para muitos, “o sonho comanda a vida”.Sonho feito por mãos obreiras e vontades incansáveis de mudar.
Para que nesta terra, dita estado democrático e de direito, um dia se possa viver plenamente.