terça-feira, janeiro 04, 2005

Natália Correia


O Espírito

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
A vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estróina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

1 Opiniões:

Blogger mfc opinou...

Versátil como poucas.
Romãntica, séria e até jocosa(lembra-se do poema do Truca...truca feito de improviso na Assemblei a da República?

terça jan. 04, 08:30:00 da tarde  

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