Resposta com um prólogo, dois actos e um epílogo
Prólogo
Desde há uns bons anos a esta parte, quando começaram a proliferar por esse mundo os “dias de”, que contemplam indiscriminadamente desde o animal até ao deficiente ou ao idoso, que essas datas deixaram de me impressionar em especial. Tudo porque, para justificar muitos deles, se encarregou o Tio Sam de fabricar as devidas “lendas” ou “tradições”, que grande parte das pessoas continua a ignorar, dando-se por feliz ao oferecer o presentinho comprado, com a melhor das intenções e à medida da carteira, na loja da esquina. Tudo se mistura no mesmo saco, sem que se distinga o trigo do joio, ou os dias com História daqueles que se penduram precariamente em crenças discutíveis.
E porque no dia 8 de Março faz anos que as mulheres foram, uma vez mais, História, o respeito que me infunde induz-me a não entrar em festejos superficiais. Recuso-me, pois, a comemorar desta forma um dia que tem um irmão que é “do animal”.
As mulheres têm vindo a ser tradicionalmente o alvo preferencial no que respeita a falta de acesso a instrução e a meios de informação ou instrumentos culturais. Porque apenas aos homens isso era permitido. Públia Hortênsia de Castro, no sec. XVI teve que se vestir de Homem para estudar Humanidades e Filosofia, em Coimbra. No sec. XX, em especial nos meios rurais, a irmã mais velha não frequentava a escola para tomar conta dos irmãos mais novos. E nos meios urbanos, muitas vezes a educação ou instrução dos rapazes era privilegiada pelos pais em detrimento da das raparigas. A ela estavam destinadas as tarefas domésticas ou profissões desgastantes e mal pagas, o cuidar dos filhos, o zelar pelo bem estar do esposo. A este nada se podia nem se devia recusar, nem o corpo. Luísa sobe, sobe a calçada…
Em compensação tinha e tem acesso fácil e barato à pornografia das revistas cor-de-rosa, com que semanalmente a aliciam editoras geridas por… homens. Homens que para si também criaram revistas e jornais não menos alienantes, diga-se. Bendito alheamento!
E não me venham com a cantiga de que a culpa é delas, por serem permissivas, obedientes, passivas. Ou porque criam os filhos para serem iguaizinhos aos pais. Elas (nós) também lutamos agora, como antes, pela emancipação e pela igualdade de direitos. Para todos, mulheres e homens.
Em primeiro lugar, no meu dicionário, por mais que procure, não encontro igrégios, só lá vi egrégios, palavra que não utilizo com frequência mas conheço sobejamente. Adiante.
Enquanto seres humanos livres, em democracia, todos têm direito às suas opiniões, às suas tendências, às suas opções. A ser homo, trans ou bisexuais, Otílios ou Olívias, tanto quanto lhes der na real gana. A cada qual o seu espaço e a todos o respeito pelo espaço de cada qual. Nem que seja na procissão do Senhor dos Passos ou na da Senhora dos Aflitos. Ou no 1º. De Maio!
Penso ter ficado entendido que não sou feminista, apenas feminina por genética e por gosto. Estou ao lado das mulheres como dos homens, no trabalho, na luta, no lazer(*). Posso rejeitar umas como prezar outros. Questões de afinidade ou de mera empatia. Acima de tudo aprecio a capacidade de cada um ser como é, sem máscaras nem epítetos. A frontalidade, o desassombro, a coragem de dizer NÃO.
Desde há uns bons anos a esta parte, quando começaram a proliferar por esse mundo os “dias de”, que contemplam indiscriminadamente desde o animal até ao deficiente ou ao idoso, que essas datas deixaram de me impressionar em especial. Tudo porque, para justificar muitos deles, se encarregou o Tio Sam de fabricar as devidas “lendas” ou “tradições”, que grande parte das pessoas continua a ignorar, dando-se por feliz ao oferecer o presentinho comprado, com a melhor das intenções e à medida da carteira, na loja da esquina. Tudo se mistura no mesmo saco, sem que se distinga o trigo do joio, ou os dias com História daqueles que se penduram precariamente em crenças discutíveis.
E porque no dia 8 de Março faz anos que as mulheres foram, uma vez mais, História, o respeito que me infunde induz-me a não entrar em festejos superficiais. Recuso-me, pois, a comemorar desta forma um dia que tem um irmão que é “do animal”.
1º. Acto
As mulheres têm vindo a ser tradicionalmente o alvo preferencial no que respeita a falta de acesso a instrução e a meios de informação ou instrumentos culturais. Porque apenas aos homens isso era permitido. Públia Hortênsia de Castro, no sec. XVI teve que se vestir de Homem para estudar Humanidades e Filosofia, em Coimbra. No sec. XX, em especial nos meios rurais, a irmã mais velha não frequentava a escola para tomar conta dos irmãos mais novos. E nos meios urbanos, muitas vezes a educação ou instrução dos rapazes era privilegiada pelos pais em detrimento da das raparigas. A ela estavam destinadas as tarefas domésticas ou profissões desgastantes e mal pagas, o cuidar dos filhos, o zelar pelo bem estar do esposo. A este nada se podia nem se devia recusar, nem o corpo. Luísa sobe, sobe a calçada…
Em compensação tinha e tem acesso fácil e barato à pornografia das revistas cor-de-rosa, com que semanalmente a aliciam editoras geridas por… homens. Homens que para si também criaram revistas e jornais não menos alienantes, diga-se. Bendito alheamento!
E não me venham com a cantiga de que a culpa é delas, por serem permissivas, obedientes, passivas. Ou porque criam os filhos para serem iguaizinhos aos pais. Elas (nós) também lutamos agora, como antes, pela emancipação e pela igualdade de direitos. Para todos, mulheres e homens.
2º. Acto
Em primeiro lugar, no meu dicionário, por mais que procure, não encontro igrégios, só lá vi egrégios, palavra que não utilizo com frequência mas conheço sobejamente. Adiante.
Enquanto seres humanos livres, em democracia, todos têm direito às suas opiniões, às suas tendências, às suas opções. A ser homo, trans ou bisexuais, Otílios ou Olívias, tanto quanto lhes der na real gana. A cada qual o seu espaço e a todos o respeito pelo espaço de cada qual. Nem que seja na procissão do Senhor dos Passos ou na da Senhora dos Aflitos. Ou no 1º. De Maio!
Epílogo
Penso ter ficado entendido que não sou feminista, apenas feminina por genética e por gosto. Estou ao lado das mulheres como dos homens, no trabalho, na luta, no lazer(*). Posso rejeitar umas como prezar outros. Questões de afinidade ou de mera empatia. Acima de tudo aprecio a capacidade de cada um ser como é, sem máscaras nem epítetos. A frontalidade, o desassombro, a coragem de dizer NÃO.
(*) Em jeito de adenda, porque alguém a quem muito prezo e que não deixa escapar nada me chama, em público, a atenção para a falha: e também no prazer, que deveria presidir a tudo quanto fazemos. Mesmo que não esteja presente na luta ou no trabalho, certamente não faltará no lazer, ou então a vida será mesmo de uma escura aridez...
3 Opiniões:
GRANDE EPÍLOGO!!_ e eu também!, Um beijo, IO.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Esta foi das melhores intervenções que tiveste acerca de um tema, desde que o teu blogue, que sigo atentamente, foi criado. Pena é que haja pessoas que se refugiem no anonimato. A censura, a PIDE não voltam se formos frontais,partilharmos ou discordarmos de opiniões, se intervirmos e reflectirmos.Comodistas e teóricos há muitos. Com o sangue na guelra como tu há poucos. Tu sim, és poeta e és mulher de corpo inteiro que tenho orgulho em ser teu amigo.
Bjs
Luís Filipe Maçarico
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