Álamo de Oliveira
(Um poeta açoreano para JVC)
Do Abril
Sabes meu amor:
sou o único sobrevivente
deste país.
os outros poetas
olham os cravos e de alegria mirram
fartos da liberdade abrilmente dada.
só eu preso! - verde força lírica
política deste tempo
onde tu manuel meu povo
me tornas caule fardo cimento.
Aqui acredito
no curso da lágrima
ferindo o meu rosto
seco duro barro sopro.
os outros poetas
também estão secos. mas fartos
porque de mão na mão se plantaram
com amor e tudo
se consumou em abundância.
Sabes meu amor:
sou o que resta deste bagaço lírico e português
(Cantar o Corpo, 1979)
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