Não quer, não coma. Mas pague!
Das duas uma: ou acabamos afogados em papel inútil ou o papel reciclado não tarda muito e está ao preço da uva mijona.
A gente compra o jornal de todos os dias, aos domingos com mais uma revista acoplada, e lá nos desabam em cima uns bons quilos de papel a mais, sem outro destino à vista que não seja o "papelão". Entretanto e pela surra sempre se vai deitando um rabo de olho a esses apêndices, só para ver com que parlapatice nos querem intrujar desta vez. E nem sempre sé é completamente imune à tentação de acreditar na excelência das balelas propagandeadas...
A propósito de tudo e de nada, há quem queira, por força de textos capciosos e imagens persuasivas, enfiar-nos pela casa dentro (e já agora pela cabeça também) as férias de sonho na República das Bananas, os miraculosos efeitos das pastilhas Tossikosp, as virtudes jamais sonhadas dos lacticínios Amojo-de-boi.
Automóveis, relógios, peças de joalharia, enciclopédias, tudo nos cai do céu por apenas vinte ou trinta e seis ou cinquenta suaves prestações, assim trombeteiam os insinuantes e atraentemente ilustrados panfletos que vêm a reboque do nosso modesto jornalzinho diário.
Se não os abandonamos logo na banca ou tabacaria onde compramos o dito diário, em sinal de pretensa indiferença, lá vêm para casa e vagabundeiam uns dias pela sala a servir de entretenimento aos gatos, são rebaixados a forro do caixote dos bichanos, até que... lixo com eles.
Resumindo e baralhando: usa-se e abusa-se da publicidade como de um imposto. Porque pagamos e a peso de ouro esta "inofensiva" invasão, lá isso pagamos, não haja a menor dúvida!
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