Alentejo sempre
SEXTA-FEIRA, AGOSTO 06, 2004
Eu sei que sou suspeita. Eu sei que tenho uma paixão assolapada pelo Alentejo e pelos meus amigos alentejanos. Até acho que as minhas origens mais remotas devem provir dessas "terras de pão custoso/onde a palavra é pegada/e arde".
Mas, meus caros, este blog está mesmo uma maravilha. Assina os "posts" um "machede" (de S. Miguel de Machede?)que até cita o Joaquim Pulga, autor do livro com o mesmo nome do blog. Aliás há grandes semelhanças entre os dois, o blog e o livro... Palavra que estou a sentir-me transportada para essa terra única de horizontes infindos.
E, já agora, deixo isto:
CAMPO(NÊS)
1. Caminheiros de nós
demoramos os olhos
e os passos
nos campos de Março.
Só um milhafre
caçador
sobrevivente
ceifa a solidão...
2. Mais que na espiga
é na raiz que se esconde
o sortilégio das searas.
Agarram-se á terra
como o homem
à sua casa.
O rosto que se ergue
é apenas o visível.
A alma, a raiz,
prende-se no cante
ardendo em sede.
3. No solo como nos rostos
os mesmo sulcos
que o tempo fendeu
e a ardência crestou.
Nos olhos a secura,
no chão o horizonte.
1 Opiniões:
Falta-nos outro Alentejo, Margarida. Povoado, activo, com inovação e emprego. Vivo. Em vez da memória bucólico-nostálica, a vida.
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Posted by Antonio Balbino Caldeira to vemos, ouvimos e lemos at 8/7/2004 10:49:13 AM
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