sexta-feira, agosto 20, 2004

Gatos

Diz-se que não dormem
de noite,
vigilantes anjos caseiros.
Esfíngicos e atentos,
olhos em fenda,
espreitam os nossos sonhos
e as nossas insónias.
Deslizam pela casa
silenciosos,
orelha arguta,
focinho ágil.

Adormecem pela manhã,
enroscados
numa réstia de sol.

Desfiam os dias
mansamente,
suaves companheiros de veludo.
Enredam-se nas nossas pernas
somente para que se saiba
que nos elegeram
e são eles os donos
dos nossos afectos.
17.Abril.2004