quarta-feira, julho 06, 2005

Manuel Bandeira


(Para a Gina, que me enviou por e-mail esta preciosidade)
Um Sorriso


Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moutas. A humidade
Aveludava o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.

A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpóreas mãos. Fosse água ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.
- Foi então que senti sorrir o meu desgosto...

Ao fundo o mar batia a crista dos escolhos...
Depois o céu... e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos...

A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada...

1 Opiniões:

Blogger mfc opinou...

Particularmente hoje, a frase "- Foi então que senti sorrir o meu desgosto..." fez muito sentido para mim....

quarta jul. 06, 11:56:00 da tarde  

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