Manuel Bandeira
(Para a Gina, que me enviou por e-mail esta preciosidade)
Um Sorriso
Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moutas. A humidade
Aveludava o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.
A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpóreas mãos. Fosse água ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.
- Foi então que senti sorrir o meu desgosto...
Ao fundo o mar batia a crista dos escolhos...
Depois o céu... e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos...
A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada...
1 Opiniões:
Particularmente hoje, a frase "- Foi então que senti sorrir o meu desgosto..." fez muito sentido para mim....
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