segunda-feira, janeiro 17, 2005

Domingo à tarde



Ontem, antes de dar o "bota fora" ao filhote mais novo, de regresso aos Algarves, ainda houve um tempinho para aproveitar o sol da tarde, deambulando por uma Lisboa domingueira, com ruas de pombos e pessoas nos seus vagares. Pretexto mais que suficiente para percorrer a Ajuda, ainda com o seu ar de fim de século - o dezanove, está bem de ver - namorando o rio e declinando calçadas encosta abaixo.
O avanço de uma inevitável renovação urbana está à vista nos novos arruamentos e moles de betão que surgem aqui e acolá. A degradação das habitações antigas é flagrante, apelando a um RECRIA qualquer que lhes deite a mão. No entanto, seria desejável que se preservassem espaços "castiços" como o Largo do Galvão com os seus "Vinhos e Tabacos" ou o Largo da Paz, aldeia dentro do bairro, roupas a secar nos estendais arvorados em espaço público.
Prolongando até ao cimo o sítio que já foi arrabalde, os moinhos de Santana já não desfraldam velas nem moem cereal, apesar de uma intervenção camarária lhes ter devolvido precariamente essa vocação, faz uma dúzia de anos. Mesmo assim, o jardim envolvente continua a apetecer a parzinhos abraçados, miudagem brincalhoa ou parlatório de velhotes, todos a aproveitar o sol de inverno enquanto não chega a friagem dos seus entardeceres.