Multileituras de fim-de-semana
Talvez porque se ache que durante a semana o comum dos mortais não tem tempo para ler mais que as "gordas", os jornais de sábado e domingo, sejam eles diários ou semanais, empanturram-nos com todo o tipo de revistas, suplementos, guias disto e daquilo, como se de repente o mundo parasse só para ler isso tudo. Acontece que, no que me diz respeito, os sete dias da semana têm sempre as mesmas horas, tarefas, ritmos. Para alguma coisa serve já ter adquirido, mesmo que só "de facto", o estatuto de reformada! Quero com isto dizer que, se as afiadas unhas da família felina que connosco coabita o permitirem, a leitura desses apêndices se vai estendendo pela semana fora, ao sabor do lazer. Mesmo assim, mal os jornais arribam cá à "aldeia", uma primeira vista-de-olhos dá-me logo a ideia do que vale a pena saborear com mais tempo e atenção.
Este fim-de-semana, por exemplo, a Laurinda Alves traz-nos, na “Xis” (Público), um texto brasileiro simplesmente delicioso! Um alvitre para quebrar a rotina dos dias de verão, na clausura de um escritório… Daquelas coisas em que só os pouco imaginativos nunca pensaram… Palavra que a mim muitas vezes deu vontade de fazer o mesmo!
Na última página da mesma “Xis” o sempre apetecível artigo de Daniel Sampaio, desta feita sobre a falta de tempo dos pais para estarem a sério com os filhos e as consequências que isso pode trazer para o equilíbrio emocional das crianças. Creio que não há mãe nem pai, mesmo com filhos já adultos, que não sinta um arrepio ao ler essas linhas, por se ter sentido tão frágil, tão indefeso, na quase impossível escolha entre miúdos carentes e um trabalho devorador de tempo e paciência.
E a “Única”, do Expresso fala-nos de como os fustigados pelos tenebrosos fogos na Serra do Caldeirão ainda querem continuar lá as suas vidas, recentes ou antigas, porque “recusam deixar morrer a serra”. E só quem conhece por dentro essas vidas feitas de entrega, de sacrifício, de pão-amassado-com-o-suor-do-rosto, e também de quietude escolhida ou de solidão forçada, pode ter uma muito ténue ideia do que é ter passado por todo aquele pavor, ter ficado sem nada, ter que recomeçar do zero, e resistir, resistir e continuar a lutar. Desafortunados os idosos a quem faltam já as forças e o pé-de-meia para recomeçar, a quem a esperança abandonou definitivamente por nunca ter passado muitas vezes disso mesmo…
Este fim-de-semana, por exemplo, a Laurinda Alves traz-nos, na “Xis” (Público), um texto brasileiro simplesmente delicioso! Um alvitre para quebrar a rotina dos dias de verão, na clausura de um escritório… Daquelas coisas em que só os pouco imaginativos nunca pensaram… Palavra que a mim muitas vezes deu vontade de fazer o mesmo!
Na última página da mesma “Xis” o sempre apetecível artigo de Daniel Sampaio, desta feita sobre a falta de tempo dos pais para estarem a sério com os filhos e as consequências que isso pode trazer para o equilíbrio emocional das crianças. Creio que não há mãe nem pai, mesmo com filhos já adultos, que não sinta um arrepio ao ler essas linhas, por se ter sentido tão frágil, tão indefeso, na quase impossível escolha entre miúdos carentes e um trabalho devorador de tempo e paciência.
E a “Única”, do Expresso fala-nos de como os fustigados pelos tenebrosos fogos na Serra do Caldeirão ainda querem continuar lá as suas vidas, recentes ou antigas, porque “recusam deixar morrer a serra”. E só quem conhece por dentro essas vidas feitas de entrega, de sacrifício, de pão-amassado-com-o-suor-do-rosto, e também de quietude escolhida ou de solidão forçada, pode ter uma muito ténue ideia do que é ter passado por todo aquele pavor, ter ficado sem nada, ter que recomeçar do zero, e resistir, resistir e continuar a lutar. Desafortunados os idosos a quem faltam já as forças e o pé-de-meia para recomeçar, a quem a esperança abandonou definitivamente por nunca ter passado muitas vezes disso mesmo…
3 Opiniões:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Sorry, Sónia... O comentário foi-se, nem sei como...
Não faz mal...eram só elogios :)
Sónia
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