Eu e os C.C.
Aqui para nós, até nem sou visceralmente fanática por centros comerciais. Por uma questão de princípio, mais nada. Mas como muito boa gente, de vez em quando, e sem sequer dar um mínimo de luta, acabo por ceder à tentação e lá estou eu caída num belmiro-de-azevedo. Fraquezas!, com a seráfica desculpa de que em pouco tempo se pode fazer muita coisa, está tudo ali à mão, etc. Mas principalmente por causa daFnac, passe a publicidade gratuita a quem dela não precisa. Apesar daquele ar de hipermercado de cultura(?), sempre dá jeito procurar lá o livro ou CD que se pretende ou então espiolhar as novidades. É sempre essa a primeira e obrigatória visita, depois de desesperar durante meia hora na árdua demanda de um lugarzinho para estacionar o Punto.
...E já com um saquito aviado de pequenos prazeres, é a altura da bica num estaminé a jeito, para de seguida esquadrinhar as montras dos trapos.
Detenho-me numa Elena Miro, que namoro à distância de uma carteira quase vazia, e a que viro costas com o coração destroçado. Acabo afogando as mágoas num C&A, que baldadamente procura confortar-me com umas disparatadas vestimentas, próprias para holandesas opulentas. Mas como entre mortos e feridos sempre escapa alguém, acabo por trazer aquela blusita que-até-é-baratucha, ou as calças que-até-nem-me-ficam-mal.
Por esta altura já estou saturada de gente aos encontrões, criancinhas barulhentas e um ar tão descondicionado que só faz dores de cabeça. Tudo isto para não falar de um cartão com o crédito um bom bocado mais reduzido.
Regresso a casa, no meio de um trânsito tresloucado, com polícias a abrir caminho a um autocarro de luxuoso turismo transportando meia dúzia de fúfias, mas com a suma compensação de vir a escutar, deleitadérrima, um recém-adquido CD dos Gaiteiros de Lisboa. E lá fico escostada á berma para que as damas passem sem qualquer belisco, à espera que dê o “tragulotrico trângulo mângulo nelas”…
Final feliz para uma estória sem princípio nem meio.
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