Memórias e votos
Visitando amigos, passei por “casa” do Carlos Gil e o que por lá encontrei deu-me asas para outros voos.
E apeteceu-me ir buscar as memórias de há uns bons quarenta anos, numa altura em que um grupo de amigos e conhecidos de uns ou de outros, de quando em vez, se reuniam em lugar sossegado e longe de vistas e olhares inconvenientes, sem outro propósito que não fosse o de conviver, conversar, ouvir “boa” música. Dessa vez o pretexto para nos reunirmos era o aniversário de alguém que, dias antes, tinha sido libertado de Caxias. E pais e filhos, sem conflitos geracionais, partilhavam pontos de vista, conversavam em pé de igualdade, e sobretudo passavam uma noite animada.
O mais irónico de tudo, e visto a esta distância de tempo, era a grande animadora destes encontros: Vera Lagoa, ou seja, Maria Armanda Falcão. Lá conseguia ela trazer consigo, o Carlos Paredes, o Adriano, e até o Alves Redol com a sua inseparável boina basca. Chegada a hora de dedilhar guitarras e afinar vozes, a malta nova sentava-se no chão, enquanto os mais velhos procuravam lugares mais confortáveis. À minha frente, a menos de metro e meio, o Adriano solta a voz e atira “Venho dizer-vos que não tenho medo...”. Senti-me trespassada pelas palavras ditas assim, ali tão perto, numa emoção difícil de descrever. Como se me elevasse acima de tudo, e tudo parasse naquele momento.
Adiante, que já são águas passadas. Não é pela poesia vigorosa, por vezes épica, que me persegue desde a “Praça da Canção”, mas é, isso sim, por ser a única candidatura presidencial em que acredito, que alegremente votarei. E a Cítera aportaremos.
2 Opiniões:
guida:
tens uma surpresa no meu blog. E PARABÉNS por mais um aniversário. O resto está lá escrito.
Beijos
Luís
Pelo que percebi, a tê-lo feito bem, hoje é dia de bolo embora ainda não tenha aparecido o respectivo post.
Um beijinho, muitos e muitos parabéns!
Enviar um comentário
<< Caminho de volta