segunda-feira, setembro 13, 2004

Pinto ou ovo goro?

O senhor chama-se Mário Pinto e a rubrica A Tempo e a Contratempo. No Público de hoje desvaira o dito senhor, que não conheço nem certamente me interessa, sobre o WoW e com o título “Em vez do amor, o aborto”.
De más intenções, de necedades e de demagogia está o mundo cheio. Pelo que se dispensaria este patético agitar de fantasmas. É tal o rol de dislates que este senhor profere que, se os analisasse um a um não me sobraria tempo para outra coisa e tenho mais que fazer.
“(...)a onda em que parece que muita gente embarca, uns para ganhar dinheiro, outros para ganhar notoriedade progressista, outros (admito-o) por convicção mais ou menos induzida(...)”
“Com efeito, o que são as massas, o que é uma multidão? É um grande número de indivíduos. E o que é a opinião de uma multidão? É apenas uma multiplicidade de opiniões individuais. Mas se a opinião de uma multidão, ou a opinião mediatizada, tiver maior importância do que a opinião do conjunto dos indivíduos, então de que origem procede esse acréscimo de força de opinião? A quem deve atribuir-se? A verdade é que esse acréscimo não pertence a nenhuma pessoa, não tem origem em nenhuma vontade nem em nenhuma liberdade pessoal. Portanto, não tem legitimidade democrática. Nas eleições, só conta a soma dos votos
individuais.“ Seremos todos uns papalvos ávidos de protagonismo?
E já agora gostava que me explicassem qual a diferença substancial entre “uma multidão” e “o conjunto dos indivíduos”. Insinuará o dito senhor que uns são a “turbamulta” e os outros o “escol”?
E termina:“Em qualquer caso, essa tal força colectiva de opinião, que pressiona a opinião de cada um, não é uma entidade inequívoca. Poderá ser tudo o que se quiser, mas, em minha opinião, não tem legitimação verdadeiramente democrática porque não procede de um jogo comunicacional verdadeiramente personalista, e de facto pressiona as pessoas. Creio, por isso, que é um perigo para a democracia personalista e humanista. Os "media" deviam ter isto em atenção. Já que se consideram guardiões das liberdades individuais. A democracia que perde de vista este princípio torna-se na demagogia.(...)”.
Este senhor certamente vota, para votar escolhe um partido ou força política, para essa escolha houve uma motivação. Como escolhe? Será um iluminado? Nasceu assim? Ou terá sido influenciado pelo “conjunto dos indivíduos” da mesma forma que parece ter sido “induzido” por “uma multidão” a abortar o que até poderia ser uma argumentação convincente?