quinta-feira, setembro 09, 2004

As-Silbia



“Uma das particularidades do Islão hispânico é a relevância que a mulher consegue ter na sociedade do seu tempo, onde não faltam, por exemplo, apreciáveis poetisas. As-Silbia gozou de grande prestígio na Silves almóada, como veremos pelo poema de que se dá versão. Trata-se de um protesto apresentado ao soberano Ia’qub al-Mansur pela carga fiscal que oprimia a cidade, protesto esse que obteria provimento.

De chorarem os palácios é chegada a hora
Pois as próprias pedras se lamentam.
Ó tu que vais onde a Clemência mora,
Esperando pôr fim às mágoas que atormentam,
Diz ao Príncipe quando chegares às suas portas:
Pastor! Olha as tuas ovelhas quase mortas
Que ficam sem prado para pastar;
Deixaste-as à mercê de muitas feras.
Um paraíso, minha Silves, eras.
Tiranos te lançaram ao fogo do inferno
O castigo de Alá parecendo desprezar:
Porém, nada é oculto para o Eterno.

Em ‘O Meu Coração é Árabe – A Poesia-Luso Árabe’, de Adalberto Alves