Filho da mãe!
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Finalmente apearam-no de vez, em Madrid. Mas não podemos esquecer que o ditador morreu de velhice e com pantufas calçadas.
"cumpridos os deveres compridos deixaram
de assediar minhas horas
doce a liberdade retoma em si minha leveza antiga"
Sophia de Mello Breyner
Portugal
Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que de tou.
Mostro aos olhos que não te disfugura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.
E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:
Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.
Coimbra, 16 de Dezembro de 1963